domingo, 30 de agosto de 2009

1.2 - A plenitude de Cristo se realiza na Igreja.

1.2 - A plenitude de Cristo se realiza na Igreja.

A concretização histórica da Igreja de Cristo se encontra, nas antigas promessas de Deus. Era, na Igreja, que a restauração de Israel, profetizada, nas Escrituras do Antigo Testamento, consumava-se. Eis que a plenitude dos gentios estava entrando. Por isso, Paulo fala da Igreja como sendo a plenitude de Cristo. Dessa forma a Igreja era assim edificada por um novo homem, uma nova criação; uma comunidade formada por judeus e gentios, o remanesceste fiel de Israel que fora trazido pela obediência de Cristo.

(“abolindo na própria carne a lei, os preceitos e as prescrições. Desse modo, ele queria fazer em si mesmo dos dois povos uma única humanidade nova pelo restabelecimento da paz”; “e revesti-vos do homem novo, criado à imagem de Deus, em verdadeira justiça e santidade”; “e vos revestistes do novo, que se vai restaurando constantemente à imagem daquele que o criou, até atingir o perfeito conhecimento”. Ef 2,15; 4,24; Cl 3,10).

A concepção de Paulo a respeito da comunidade escatológica o conduziu à edificação de comunidades, ou seja, de Igrejas locais. A Igreja não era um simples agir ou mesmo um ativismo, era, não obstante, a consumação das antigas promessas.

domingo, 23 de agosto de 2009

1.1 - Jesus é o cumprimento das promessas de Deus

1.1 - Jesus é o cumprimento das promessas de Deus
Paulo vivia, num período em que transcorria as antigas promessas de Deus pela pessoa de Jesus Cristo, o nazareno. Eram os dias pelos quais se consideravam como os últimos dias, dias de cumprimento, em que os fins dos séculos haviam chegado. (lCor 10-11). Transcorria um período momentoso da história da humanidade, em que todas as antigas promessas de Deus estavam sendo cumpridas através da vida e obra de Jesus de Nazaré.
Paulo se convencera de que a vinda do Filho de Deus já se consumara como a plenitude dos tempos, a era escatológica já se iniciara de acordo com as promessas dos profetas. (“Mas quando veio a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, que nasceu de uma mulher e nasceu submetido a uma lei” Gl 4,4) o reino de Deus tem a sua consumação, na pessoa de Cristo, pois Cristo, como redentor, já se anunciara para toda a humanidade. (2Cor 6,2b: “eis, agora, o tempo sobremodo oportuno, eis, agora o dia da salvação”) inicia-se a nova criação (2Cor 5,17 “Todo aquele que está em Cristo é uma nova criatura. Passou o que era velho; eis que tudo se fez novo!”).
Não obstante, o próprio Paulo fora atingido “pela graça” do Redentor. Ele que antes perseguira o cristianismo, agora se tornou defensor daquilo que antes queria destruir. Em Cristo, Paulo experimenta um novo modo de ser (lTm 1,12-15

“Dou graças àquele que me deu forças, Jesus Cristo, nosso Senhor, porque me julgou digno de confiança e me chamou ao ministério, a mim que outrora era blasfemo, perseguidor e injuriador. Mas alcancei misericórdia, porque ainda não tinha recebido a fé e o fazia por ignorância. E a graça de nosso Senhor foi imensa, juntamente com a fé e a caridade que está em Jesus Cristo. Eis uma verdade absolutamente certa e merecedora de fé: Jesus Cristo veio a este mundo para salvar os pecadores, dos quais sou eu o primeiro”),


Paulo estava convicto de que as promessas e profecias referentes à vinda do Messias já estavam se cumprindo: a restauração do remanescente fiel de Israel (Romanos 9); Paulo observou que o cumprimento das promessas se cumpria com a entrada dos gentios na Igreja de Cristo. Isso se procederia ao fato da vinda de todos os povos a adorarem a Deus como a antecipação da promessa dos antigos profetas. (Rm 15).
Compreendem-se, assim, o início de uma época especial em que todas as coisas se convergem a Deus, todas as coisas as que estão, no céu, e as que estão na terra . Essa perspectiva está presente, em todo o pensamento de Paulo e influencia, decisivamente, a sua atividade como plantador de igrejas .

domingo, 16 de agosto de 2009

1 - A motivação de Paulo para a edificação das comunidades.

1 - A motivação de Paulo para a edificação das comunidades.

No longo percurso de sua atividade como pregador e fundador de comunidades, Paulo se destaca por ser um grande teólogo e um grande missionário. A eficácia da atividade missionária de Paulo é refletida pelas suas comunidades fundadas por ele, no período de 47 a 57, ele plantou igrejas, em quatro províncias do Império Romano: Galácia, Macedônia, Acaia e Ásia. Após dez anos de atividade, nas comunidades, ele escreve a carta aos romanos, já não tem campo de atividade naquelas regiões (Rm 15,23Mas, agora, já não tenho com que me ocupar nestas terras; e como há muitos anos tenho saudades de vós”). Paulo é, senão, uma combinação de teólogo profundo e missionário fervoroso que atua, na pregação do Evangelho, no anúncio da Boa Nova de Cristo. Paulo caracteriza cada grupo formado por ele como uma igreja, isso podemos perceber em 1Ts 1,1 (“Paulo, Silvano e Timóteo à igreja dos tessalonicenses, reunida em Deus Pai e no Senhor Jesus Cristo. A vós, graça e paz!”) quando ele se refere à comunidade já como Igreja[1].

Paulo sofria inúmeras perseguições e rejeições. Dessa forma, podemos nos perguntar qual era o motivo que levou Paulo a edificar comunidades ao longo do Mediterrâneo? A motivação de Paulo eram as próprias convicções, enquanto missionário e enquanto teólogo. Assim, ele era impelido a lançar-se ao mundo para anunciar o Evangelho e a edificar as comunidades por toda a Ásia e Europa. No que se segue, convêm destacar algumas considerações que são vitais para a nossa compreensão da ação do apóstolo.



[1] “Paulo reserva a palavra ekklesia quase exclusivamente para designar cada reunião local dos cristãos. Ela corresponde, assim, aproximadamente ao teor da palavra alemã Gemeinde [comunidade]. Assim, a indicação dos destinatários da mais antiga carta de Paulo tem o seguinte teor: “[...] à comunidade (ekklesia) dos tessalonicenses em Deus Pai e n o Senhor Jesus Cristo” (1Ts 1,1). Em total correspondência com isso, ele recomenda aos cristãos romanos “nossa irmã Febe, diácona da comunidade em Cencréia” (Rm 16,1). Essa referência local fica especialmente onde a palavra é associada ao nome de uma determinada província ou região, para designar os cristãos que nela vivem”. (cf. Jurgen ROLOFF, A Igreja no Novo Testamento, pp. 104).

domingo, 9 de agosto de 2009

6.4 - A Justificação

6.4 - A Justificação
A justificação é outra forma de expressar o efeito salvífico de Cristo; é a própria fidelidade de Deus. A justificação deriva para um processo de absolvição. No Antigo Testamento, Javé era o juiz de Israel, na intenção salvadora de seu povo. Deus justifica o homem porque só Ele (Deus) é justo. Nenhum homem poderia se tornar justo por si só, ou seja, retirar de si o estado de pecado. Somente Deus libertaria o homem dessa condição de pecado. Cristo seria aquele que viria para ser o justo e livrar o homem de seu estado de pecado. Para Paulo, os homens se encontravam privados da graça de Deus pela Lei, pelo pecado. Cristo promoveu a reconciliação da humanidade com Deus, restituindo a glória divina, na vida do homem, por ser o justo e conduzir a humanidade na justificação pelo ato do amor e caridade Ser justo não é seguir a Lei como norma e conduta de vida, mas seguir Jesus Cristo . Dessa forma, o homem torna-se justo diante de Deus, diante de Jesus Cristo. A justificação é a atividade salvadora de Cristo no qual insere o homem, na Igreja pela fé e o batismo.

domingo, 2 de agosto de 2009

6.3 - Libertação gloriosa

6.3 - Libertação gloriosa

Para a atribuição do efeito salvífico de Cristo, considera-se a liberdade como uma atividade de redenção do homem. A expressão “redenção” refere-se à idéia de libertação, alforria de pessoas que se encontram cativas ou presas[1]. No Antigo Testamento, o “Redentor” faz alusão à libertação de o povo de Israel do Egito, e conseqüentemente, a travessia do mar vermelho. Outra consideração é o fato do povo de Israel também ter sido liberto do cativeiro da Babilônia. Dessa forma, o termo redenção, no Antigo Testamento, tem mais um aspecto de “libertação” do que uma referência de “resgate”. Javé não apenas libertou o povo eleito, mas também o acolheu como seu povo, pela aliança do Sinai[2]. Da mesma forma Cristo, se oferece pela libertação dos homens para que os homens possam ser o “seu povo”. Paulo não utiliza o termo “Cristo redentor”, mas sim, “Cristo é a nossa redenção”, levando em consideração de que o termo “redenção”, para Paulo, não tem a designação de resgate, mas sim de libertação. A libertação refere-se à rejeição, ao afastamento do pecado por parte do homem. Cristo, promovendo a libertação do homem, transmite a realidade do “já” e o “ainda não” em seu sentido escatológico. O homem se encontra liberto, mas espera a “redenção” de seu corpo. De qualquer forma, a liberdade promovida por Cristo é a liberdade da Lei, da morte e do pecado. Libertos da Lei, tem-se Cristo como Senhor. A caridade e o amor são a plenificação da vontade de Deus.



[1] “Paulo fala claramente em 1Cor 7,23, aconselhando a escravos e livres a não procurarem mudar de estado social, pois este já não lhe interessa, uma vez que “fostes comprados a elevado preço” e se tornaram escravos de Cristo ou libertados do Senhor”. (cf. FITZMYER, Joseph. Linhas Fundamentais da Teologia Paulina, pp. 89).

[2] cf. Ex. 6,6-7;15,16;19,5