domingo, 30 de novembro de 2008

Os sacramentos da iniciação

Os sacramentos promovem um encontro com Jesus. Jesus é a pessoa que revelação do Pai. Isso é o que se chama de Revelação, a Revelação da graça divina na humanidade. Desta forma, temos este encontro com Jesus que pode ser considerado como uma caminha para Deus, um dirigir-se a Deus. Este caminhar é a celebração da iniciação cristã. A iniciação cristã é a vontade do ser humana por buscar a Deus. A Igreja determinou esse processo dentro dos sacramentos da iniciação cristã que são determinados em: batismo, confirmação e eucaristia. Desta forma a “carne”, o ser humano deve ser lavado, purificado, e iluminado para que possam corresponder as vontades de Deus no mundo. A graça de Deus agirá conforme a vontade do homem em querer estar junto de Deus inserido na Igreja pelos sacramentos da iniciação cristã[1].
O batismo, a confirmação e a eucaristia iniciam o cristão na nova vida em Cristo e na Igreja. O batismo é a vida nova, a confirmação é a missão e a eucaristia a atualização em Deus. De qualquer forma os sacramentos da iniciação cristã têm o objetivo de promover no cristão a ação de testemunhar a Cristo que se revela e que se revelando anuncia o Reino de Deus a todos. Eis o motivo pelo qual se tem a iniciação do mistério, pois Cristo é o mistério que se revela feito homem e Deus na humanidade (encarnação) para a remissão dos pecados de muitos. Assim, a ação humana corresponde com o testemunho à Cristo que morreu e ressuscitou para a salvação da humanidade. O batismo insere a pessoa no mistério da Trindade, tendo a relação com o Pai pelo Filho e do Espírito Santo pela ação do Filho. A vida nova surge no cristão. A confirmação é a aceitação do cristão nesta vida nova de forma a se lançar em missão anunciando Cristo, Senhor, pela unção do Espírito. E, por último a eucaristia como a atualização da vida em Cristo. A eucaristia é a fonte espiritual de cada cristão, pois, Cristo se encontra nela, se faz presença na eucaristia. É por isso que o sacramento da eucaristia é o sacramento primordial, o centro de todo o agir humano em Deus. Não obstante, os sacramentos da iniciação cristã se complementam. A celebração do batismo festeja a páscoa, a vida nova em Cristo, a purificação do homem perante Deus; a eucaristia é a fonte de toda espiritualidade cristão, porém requer o batismo, pois inicia o cristão na vivencia de uma vida consagrada e a confirmação que tende projetar o cristão na missão, capacitando-o no anuncio do Evangelho e consequentemente o Reino de Deus. Portanto, os sacramentos da iniciação cristãos apresentam uma vida que se entrega a Deus. Esta oblação a Deus é a renovação da humanidade pela fé, amor e esperança no Cristo que se revela e revela o Pai pelo Espírito.



Referência Bibliográfica

FORTE, B., Introdução aos Sacramentos. São Paulo: Paulus, 1996, pp. 36-40.


[1] “A carne é lavada, para que a alma seja purificada; a carne é ungida, para que a alma seja fortalecida; a carne é submetida à imposição da mão, para que alma seja iluminada pelo Espírito; a carne é alimentada com o corpo e o sangue de Cristo, para que a alma seja saciada por Deus” (cf. TERTULIANO, De Ressurrectione, 8, in FORTE, B., Introdução aos Sacramentos. São Paulo: Paulus, 1996, 36-37).

domingo, 23 de novembro de 2008

Os profetas e o culto.

O culto em Israel se estabelece em três formas básicas: espaço sagrado, tempo sagrado e as ações sagradas. O espaço torna-se sagrado devido à manifestação da divindade, uma pessoa de expoente religiosa funda tal lugar e desenvolve-se para o culto profano. Existem lugares que são considerados como manifestações divinas: Betel Sinai, Jerusalém. Mas há outros lugares escolhidos pelo homem: Guidal, Dã, etc. O tempo é caracterizado pelas festas: ázimos (colheita nova), pentecostes (passagem, libertação do Egito) e tabernaculos (festa de Javé – relacionada ao deserto) e o sábado que é considerado o dia do descanso – observância, fidelidade a Deus. As ações (ritos) eram caracterizadas pelo sacrifício. Tem-se o sacrifício sobre o altar como oferta a Deus. Temos ainda os holocaustos (queima), sacrifícios de comunhão (comem-se como coisa santa), expiatórios (remissão), oferta de vegetais complementando o sacrifício animal. Todos estes gestos eram acompanhados de orações, ritos de purificação e de consagração para aproximar-se de Deus.
Os ministros tinham a função de transmitir e ensinar a Tora, abater as vítimas como sacrifício a Deus e mediador entre os homens e Deus.
Estudiosos afirmam que os profetas tinham uma ligação com o culto do povo de Israel com seus sacrifícios e holocaustos. Torna-se radical afirmar uma completa rejeição do culto por parte dos profetas. Afirmam certa divergência exegética. Antes do exílio teriam os profetas uma rejeição ao culto, porém após o exílio tem-se uma aproximação ao culto de Israel, sendo assim requer uma distinção melhor aos textos.
O culto passa a ter uma outra interpretação. Tem-se quebrado os valores de culto para a satisfação própria. O homem passa a procurar seu jeito próprio de aproximar-se de Deus, pondo em descrédito a realização do culto. Um exemplo disso é Saul que após uma conquista não promove o extermínio de animais, mas seleciona os melhores gados para o culto ao Senhor como reflexo de um culto exagerado
[1]. Por outro lado, Amós e Oséias combatem sacrifícios acompanhados de sofrimentos e opressão dos menos favorecidos[2]. Oséias também afirma que os sacerdotes fazem do culto um negócio. Transmite uma idéia falsa para que se possa beneficiar de animais e alimentos para consumo próprio[3]. Jeremias exorta ao culto do qual deveria ser voltado para a justiça de Deus, a justiça divina, apoiando os órfãos e oprimidos[4]. Para Jeremias a Casa de Deus se tornara um covil de bandidos. Desta forma o profeta afirma que a Casa de Deus já não se encontrava mais em nenhum lugar[5].
Para o antigo povo de Israel o culto era inconcebível com seus ritos e ações. Os profetas desencadearam duros conflitos para combater essas ações. O texto que melhor expressa essa ação contrária esta no Salmo 50 no que diz: “Por acaso comerei sangue de touros ou beberei sangue de bodes?” Os profetas apresentam os sacrifícios como realizações puramente humanas e não uma ação de Deus. Os cultos não agradam a Deus e isso reflete no texto de Oséias no que diz: “quero misericórdia, não sacrifícios, conhecimento de Deus e não holocaustos”.
A profecia dos profetas serve como anuncio da Palavra de Deus e denuncia das injustiças da sociedade. Deus age nos profetas pondo-os em missão de anunciar a Palavra de Deus. Os profetas observam na natureza a ação de Deus. As intempéries são ações de Deus não como castigo, mas, uma forma de conversão da sociedade. A visão do profeta é puramente teológica. Assim, uma guerra é resultado da ação de Deus para conter o pecado da sociedade. É a providencia de Deus agindo no povo. O futuro é a esperança que o profeta almeja com a conversão, renovação, aliança e intimidade com Deus.
Deus é soberano porque está a frente de todos os povos e de todos os exércitos, assim ele se faz Senhor da história, mas também age na orportunidade, ou seja, Deus age no momento oportuno na vida do homem. Isso faz pensar na obra divina com algo estranho e surpreendente, pois o plano de Deus não é o mesmo do que de qualquer homem. Torna-se muitas vezes escândalo, pois Deus também age no sofrimento como uma forma de purificação e conversão
[6].
Portanto, a palavra de Deus age na história humana. O fato de rever o passado dá indícios de uma conversão. A análise dos atos e fatos pode levar a uma mudança de vida em Deus. Não obstante, para que a palavra de Deus possa ter sua força e atuação na vida do homem, este deve ter fé. A fé é o alimento para a salvação do homem. A fé faz com que o homem creia, se fortaleça, supere e confie em Deus agindo em toda a humanidade.











[1] “O homem tem a tentação de procurar o seu próprio caminho para contentar a Deus.” (cf. SICRE, J.L., Profetismo em Israel, Petrópolis, Vozes, 1996, pp. 392).
[2] “As peregrinações aos grandes santuários de Betel, Guildal e Bersabéia exercem grande atração sobre o povo. Não se deixa de pagar dízimos, são abundantes os sacrifícios de animais e as oferendas voluntárias. Mas todo esse culto está acompanhado de tremendas injustiças, de fraudes no comércio, compra e venda de escravos e opressão de fracos” (cf. SICRE, J.L., Profetismo em Israel, Petrópolis, Vozes, 1996, pp. 392-393).
[3] Cf. SICRE, J.L., Profetismo em Israel, Petrópolis, Vozes, 1996, pp. 395.
[4] Cf. SICRE, J.L., Profetismo em Israel, Petrópolis, Vozes, 1996, pp. 400.
[5] “Em resumo, a imensa maioria dos textos proféticos mostra-se crítica frente ao espaço sagrado, contagiando por práticas idolátricas cananéias os lugares altos e que fomentam uma falsa religiosidade ou uma falsa idéia de Deus (santuários e templos)” (cf. SICRE, J.L., Profetismo em Israel, Petrópolis, Vozes, 1996, pp. 402).
[6] cf. SICRE, J.L., Profetismo em Israel, Petrópolis, Vozes, 1996, pp. 416-419).





Referência Bibliográfica


SICRE, J.L., Profetismo em Israel, Petrópolis, Vozes, 1996

domingo, 16 de novembro de 2008

Celebrar os sacramentos

A celebração dos sacramentos tem um único objetivo: conduzir, elevar o homem a Deus. Celebrar o sacramento é levar o cristão a verdade. É estruturar-se com a comunhão como povo peregrino a Deus. O povo peregrino caminha para a verdade, para a graça de Deus que se encontra nos sacramento (gestos salutares da obra redentora de Cristo). Os gestos salutares de Cristo se encontram na Igreja através da liturgia. A celebração litúrgica dos sacramentos convida o fiel a estar mais próximo de Deus. Pela liturgia o fiel se debruça no mais intimo da graça de Deus. Desta forma a celebração litúrgica age como um comunicar com Deus que permite o homem a encontrar seu sentido último perante a graça de Deus. O Espírito permite esta relação de diálogo com Deus. O espírito humano se eleva na celebração litúrgica quando percebe a ação de Deus interagindo na existência humana. A Trindade age no ser humano pela pessoa de Cristo. Pela liturgia tem se o comunicar do espírito com a Trindade. O cristão já não é mais estranho perante Deus, mas intimo de Deus pelo amor trinitário. Tem-se o contato com o Pai pelo Filho e do Filho a santidade pelo Espírito. Isso explica o motivo do qual as orações litúrgicas terminam com a invocação à Trindade. Professar a fé é vivenciar a graça do sacramento na vida. Pela celebração dos sacramentos tem - se um comunicar, uma comunhão e uma intimidade para com Deus pelo Espírito. O próprio Jesus conduziu todo o povo de Deus a Trindade pela oração do Pai nosso. Ele, Jesus, é a aliança que aproxima o divino da criatura. Assim, os sacramentos promovem a transformação de vida pela palavra de Deus, o Deus vivo que age na humanidade. Os sacramentos da Igreja pela ação do Espírito atualizam a obra redentora de Cristo. É pelos sacramentos que encontramos o amor de Cristo pela humanidade.
Referencia Bibliográfica

FORTE, B., Introdução aos sacramentos. São Paulo: Paulus, 1996, pp. 31-35.

domingo, 9 de novembro de 2008

Tradição da Igreja

A Tradição é a plenitude da Revelação. Inclui-se nela a Escritura, sacramentos, instituições; é tudo aquilo que a Igrejas vive e crê até hoje. Os primeiros cristãos tiveram a experiência da revelação e perpetua a revelação como experiência apostólica de Cristo. A Tradição é a transmissão de uma realidade e de uma experiência de geração a geração. A Tradição se fundamenta pela historicidade do homem e a sua sociabilização (linguagem, cultura, língua, valores). A escrita é a parte da Tradição, assim, a escritura e Tradição fazem parte de um todo. Evidentemente que para a Tradição requer interpretação para compreendê-la. Interpreta-se a Tradição num sentido fixista, ou seja, a conservação da fé e linguagem deve ter a mesma formulação. Deve ser imutável. Conserva-se o depósito da fé sem novidade ou mudança. Essa interpretação tem dificuldade antropológica, pois, a experiência modifica-se como tempo, assim, a revelação de Deus deve ser interpretada no nível da experiência. A hermenêutica se torna uma nova interprete da realidade. Assim, desmorona a posição tradicional. Cada modelo já não tem mais a intenção de ser absoluto. Tem-se o trabalho de observar a modernidade. Busca-se uma explicação da realidade. As grandes viagens, estudos históricos e a filosofia existencial deram ao homem autonomia no mundo. O homem se descobre em vários níveis e dimensões na sociedade, como sexual, cultural, político que ampliam o conhecimento humano. Assim, surge na teoria do conhecimento mais um quadro que tende ao positivismo que contrapõe ao definitivo e irreversível (fixista). O historicismo é outra forma de interpretação da realidade em que desconhece a hermenêutica, dá máximo rigor ao passado e esta a espera de novas descobertas. Cada verdade fica sempre aberta à espera de novas descobertas. Nisso temos seu caráter relativista. Nesta perspectiva Jesus seria incompreensível na história, pois seria impossível apontá-lo como transcendente. A posição dialética, por sua vez, aponta que Deus se revela no contexto de cada indivíduo. Cada comunidade irá interpretar a ação de Deus no seio da sociedade. A própria escritura já é uma interpretação de uma comunidade. “A Igreja de hoje, que interpreta, insere-se nesse imenso processo de transmissão que vem fazendo o passado sempre presente, e o presente sempre ligado ao passado”. Portanto, a história não se faz absoluta, mas fonte de interpretação do homem. A Tradição é a experiência de vida dos cristãos e a Escritura é a experiência transmitida dos cristãos, assim a Tradição é a conservação dos valores, conhecimentos e da realidade de um povo. O critério para interpretar a Tradição é professar a fé na Trindade. “A Trindade ensina a riqueza infinita e plural da unidade”. Crer que a revelação foi manifestada na imperfeição do homem como desígnio salvífico de Jesus para com a humanidade. Jesus é a referência fundamental. “O acesso a Jesus se faz através do testemunho da pregação da Igreja primitiva, sobretudo dos apóstolos”. A caridade é o ela que une os cristãos. É só por ela que se podem compreender as falhas e restabelecer a unidade da Igreja. Reconhecer a Tradição testemunho da Igreja primitiva, dando relevância à pessoa do outro como no período apostólico, testemunhando a verdade revelada, Cristo. Consequentemente o “cristão conserva, e transmite a revelação sob diversas formas: confissão de fé, o testemunho, ensino e a pesquisa científica, a liturgia, a vida cristãmente vivida, as expressões artísticas, a religiosidade popular, a santidade e o martírio”. Isso é o que se chama de sensus fidelium é a vivencia e a prática dos fieis cristãos na Igreja. E, por ultimo tem-se a solidariedade para com os excluídos da sociedade, os pobres e os desamparados, a imitação de Cristo. Portanto, a interpretação da Tradição está para um processo cultural pelo fato de que o homem é capaz de responder as verdades reveladas por vários âmbitos e dimensões e, teologal porque o Espírito Santo é a força que conduz toda a humanidade a unidade mesmo havendo a diversidade de dons e carismas na mesma.






Referência Bibliográfica

LIBANIO, J.B., Teologia da revelação a partir da modernidade. São Paulo: Loyola, 1992, pp. 387-428.

domingo, 2 de novembro de 2008

Revelação nos concílios.

Concilio de Latrão (XIII) - o objetivo do concilio é de renovar a fé na Santíssima Trindade contra seitas espiritualistas. A diretriz fundamental do concilio era de definir a Trindade sujeito da obra salvífica na humanidade. A revelação é uma comunicação de Deus e não de seitas espiritualistas.

Concilio de Trento (XVI) – Contrapôs se a reforma luterana opondo-se aos ensinamentos protestantes. Os protestantes acentuavam o momento individual da fé – livre exame da escritura. Por outro lado o concilio de Trento apresenta o conteúdo da revelação – Sagrada Escritura e Jesus Cristo, Filho de Deus. A revelação é apresentada através do Evangelho. O Evangelho é considerado como a “verdade salutar dos costumes de disciplina”.

Concilio Vaticano I (XIX) – Defrontou-se com várias formas de racionalismo. O movimento das ilustração desempenhava o momento em que a razão tinha a autonomia na vida do homem. Assim, surgia o ateísmo racional que em nome da razão rejeitava a Deus. O concilio afirmava a revelação pelas verdades naturais, verdades naturais reveladas por Deus e as verdades sobrenaturais conhecidas somente pela revelação divina. A ênfase esta no fato de que é Deus que se revela gratuitamente ao homem. Desta forma o homem tem a inteligência suficiente para chegar à verdade (Deus) por suas próprias forças naturais. O objetivo do Vaticano I é salvaguardar a revelação contra o racionalismo e o pessimismo da razão humana.

Concilio Vaticano II (XX) – Têm-se apelos ecumênicos e não impor verdades contras adversários. Tem-se a resposta para o mundo com a ação pastoral e dialogo com outras denominações: ecumenismo. A efervescência do estudo de teologia, exegese dificultaram a realização dos documentos no concilio, tal como a Dei Verbum. A revelação como doutrina cede espaço para a revelação de Deus na história. A revelação na Dei Verbum é realizada pela pessoa de Cristo. Desta forma o homem se torna participante da natureza divina junto ao Pai. O comunicar de Deus na humanidade se deve a encarnação e a história. Assim, o plano de Deus se transmite a todas as gerações, contribuindo para a sucessão apostólica (Tradição).






Referência Bibliográfica

LIBANIO, J.B., Teologia da revelação a partir da modernidade. São Paulo: Loyola, 1992, pp. 381-386.