O culto em Israel se estabelece em três formas básicas: espaço sagrado, tempo sagrado e as ações sagradas. O espaço torna-se sagrado devido à manifestação da divindade, uma pessoa de expoente religiosa funda tal lugar e desenvolve-se para o culto profano. Existem lugares que são considerados como manifestações divinas: Betel Sinai, Jerusalém. Mas há outros lugares escolhidos pelo homem: Guidal, Dã, etc. O tempo é caracterizado pelas festas: ázimos (colheita nova), pentecostes (passagem, libertação do Egito) e tabernaculos (festa de Javé – relacionada ao deserto) e o sábado que é considerado o dia do descanso – observância, fidelidade a Deus. As ações (ritos) eram caracterizadas pelo sacrifício. Tem-se o sacrifício sobre o altar como oferta a Deus. Temos ainda os holocaustos (queima), sacrifícios de comunhão (comem-se como coisa santa), expiatórios (remissão), oferta de vegetais complementando o sacrifício animal. Todos estes gestos eram acompanhados de orações, ritos de purificação e de consagração para aproximar-se de Deus.
Os ministros tinham a função de transmitir e ensinar a Tora, abater as vítimas como sacrifício a Deus e mediador entre os homens e Deus.
Estudiosos afirmam que os profetas tinham uma ligação com o culto do povo de Israel com seus sacrifícios e holocaustos. Torna-se radical afirmar uma completa rejeição do culto por parte dos profetas. Afirmam certa divergência exegética. Antes do exílio teriam os profetas uma rejeição ao culto, porém após o exílio tem-se uma aproximação ao culto de Israel, sendo assim requer uma distinção melhor aos textos.
O culto passa a ter uma outra interpretação. Tem-se quebrado os valores de culto para a satisfação própria. O homem passa a procurar seu jeito próprio de aproximar-se de Deus, pondo em descrédito a realização do culto. Um exemplo disso é Saul que após uma conquista não promove o extermínio de animais, mas seleciona os melhores gados para o culto ao Senhor como reflexo de um culto exagerado[1]. Por outro lado, Amós e Oséias combatem sacrifícios acompanhados de sofrimentos e opressão dos menos favorecidos[2]. Oséias também afirma que os sacerdotes fazem do culto um negócio. Transmite uma idéia falsa para que se possa beneficiar de animais e alimentos para consumo próprio[3]. Jeremias exorta ao culto do qual deveria ser voltado para a justiça de Deus, a justiça divina, apoiando os órfãos e oprimidos[4]. Para Jeremias a Casa de Deus se tornara um covil de bandidos. Desta forma o profeta afirma que a Casa de Deus já não se encontrava mais em nenhum lugar[5].
Para o antigo povo de Israel o culto era inconcebível com seus ritos e ações. Os profetas desencadearam duros conflitos para combater essas ações. O texto que melhor expressa essa ação contrária esta no Salmo 50 no que diz: “Por acaso comerei sangue de touros ou beberei sangue de bodes?” Os profetas apresentam os sacrifícios como realizações puramente humanas e não uma ação de Deus. Os cultos não agradam a Deus e isso reflete no texto de Oséias no que diz: “quero misericórdia, não sacrifícios, conhecimento de Deus e não holocaustos”.
A profecia dos profetas serve como anuncio da Palavra de Deus e denuncia das injustiças da sociedade. Deus age nos profetas pondo-os em missão de anunciar a Palavra de Deus. Os profetas observam na natureza a ação de Deus. As intempéries são ações de Deus não como castigo, mas, uma forma de conversão da sociedade. A visão do profeta é puramente teológica. Assim, uma guerra é resultado da ação de Deus para conter o pecado da sociedade. É a providencia de Deus agindo no povo. O futuro é a esperança que o profeta almeja com a conversão, renovação, aliança e intimidade com Deus.
Deus é soberano porque está a frente de todos os povos e de todos os exércitos, assim ele se faz Senhor da história, mas também age na orportunidade, ou seja, Deus age no momento oportuno na vida do homem. Isso faz pensar na obra divina com algo estranho e surpreendente, pois o plano de Deus não é o mesmo do que de qualquer homem. Torna-se muitas vezes escândalo, pois Deus também age no sofrimento como uma forma de purificação e conversão[6].
Portanto, a palavra de Deus age na história humana. O fato de rever o passado dá indícios de uma conversão. A análise dos atos e fatos pode levar a uma mudança de vida em Deus. Não obstante, para que a palavra de Deus possa ter sua força e atuação na vida do homem, este deve ter fé. A fé é o alimento para a salvação do homem. A fé faz com que o homem creia, se fortaleça, supere e confie em Deus agindo em toda a humanidade.
[1] “O homem tem a tentação de procurar o seu próprio caminho para contentar a Deus.” (cf. SICRE, J.L., Profetismo em Israel, Petrópolis, Vozes, 1996, pp. 392).
[2] “As peregrinações aos grandes santuários de Betel, Guildal e Bersabéia exercem grande atração sobre o povo. Não se deixa de pagar dízimos, são abundantes os sacrifícios de animais e as oferendas voluntárias. Mas todo esse culto está acompanhado de tremendas injustiças, de fraudes no comércio, compra e venda de escravos e opressão de fracos” (cf. SICRE, J.L., Profetismo em Israel, Petrópolis, Vozes, 1996, pp. 392-393).
[3] Cf. SICRE, J.L., Profetismo em Israel, Petrópolis, Vozes, 1996, pp. 395.
[4] Cf. SICRE, J.L., Profetismo em Israel, Petrópolis, Vozes, 1996, pp. 400.
[5] “Em resumo, a imensa maioria dos textos proféticos mostra-se crítica frente ao espaço sagrado, contagiando por práticas idolátricas cananéias os lugares altos e que fomentam uma falsa religiosidade ou uma falsa idéia de Deus (santuários e templos)” (cf. SICRE, J.L., Profetismo em Israel, Petrópolis, Vozes, 1996, pp. 402).
[6] cf. SICRE, J.L., Profetismo em Israel, Petrópolis, Vozes, 1996, pp. 416-419).
Referência Bibliográfica
SICRE, J.L., Profetismo em Israel, Petrópolis, Vozes, 1996
Os ministros tinham a função de transmitir e ensinar a Tora, abater as vítimas como sacrifício a Deus e mediador entre os homens e Deus.
Estudiosos afirmam que os profetas tinham uma ligação com o culto do povo de Israel com seus sacrifícios e holocaustos. Torna-se radical afirmar uma completa rejeição do culto por parte dos profetas. Afirmam certa divergência exegética. Antes do exílio teriam os profetas uma rejeição ao culto, porém após o exílio tem-se uma aproximação ao culto de Israel, sendo assim requer uma distinção melhor aos textos.
O culto passa a ter uma outra interpretação. Tem-se quebrado os valores de culto para a satisfação própria. O homem passa a procurar seu jeito próprio de aproximar-se de Deus, pondo em descrédito a realização do culto. Um exemplo disso é Saul que após uma conquista não promove o extermínio de animais, mas seleciona os melhores gados para o culto ao Senhor como reflexo de um culto exagerado[1]. Por outro lado, Amós e Oséias combatem sacrifícios acompanhados de sofrimentos e opressão dos menos favorecidos[2]. Oséias também afirma que os sacerdotes fazem do culto um negócio. Transmite uma idéia falsa para que se possa beneficiar de animais e alimentos para consumo próprio[3]. Jeremias exorta ao culto do qual deveria ser voltado para a justiça de Deus, a justiça divina, apoiando os órfãos e oprimidos[4]. Para Jeremias a Casa de Deus se tornara um covil de bandidos. Desta forma o profeta afirma que a Casa de Deus já não se encontrava mais em nenhum lugar[5].
Para o antigo povo de Israel o culto era inconcebível com seus ritos e ações. Os profetas desencadearam duros conflitos para combater essas ações. O texto que melhor expressa essa ação contrária esta no Salmo 50 no que diz: “Por acaso comerei sangue de touros ou beberei sangue de bodes?” Os profetas apresentam os sacrifícios como realizações puramente humanas e não uma ação de Deus. Os cultos não agradam a Deus e isso reflete no texto de Oséias no que diz: “quero misericórdia, não sacrifícios, conhecimento de Deus e não holocaustos”.
A profecia dos profetas serve como anuncio da Palavra de Deus e denuncia das injustiças da sociedade. Deus age nos profetas pondo-os em missão de anunciar a Palavra de Deus. Os profetas observam na natureza a ação de Deus. As intempéries são ações de Deus não como castigo, mas, uma forma de conversão da sociedade. A visão do profeta é puramente teológica. Assim, uma guerra é resultado da ação de Deus para conter o pecado da sociedade. É a providencia de Deus agindo no povo. O futuro é a esperança que o profeta almeja com a conversão, renovação, aliança e intimidade com Deus.
Deus é soberano porque está a frente de todos os povos e de todos os exércitos, assim ele se faz Senhor da história, mas também age na orportunidade, ou seja, Deus age no momento oportuno na vida do homem. Isso faz pensar na obra divina com algo estranho e surpreendente, pois o plano de Deus não é o mesmo do que de qualquer homem. Torna-se muitas vezes escândalo, pois Deus também age no sofrimento como uma forma de purificação e conversão[6].
Portanto, a palavra de Deus age na história humana. O fato de rever o passado dá indícios de uma conversão. A análise dos atos e fatos pode levar a uma mudança de vida em Deus. Não obstante, para que a palavra de Deus possa ter sua força e atuação na vida do homem, este deve ter fé. A fé é o alimento para a salvação do homem. A fé faz com que o homem creia, se fortaleça, supere e confie em Deus agindo em toda a humanidade.
[1] “O homem tem a tentação de procurar o seu próprio caminho para contentar a Deus.” (cf. SICRE, J.L., Profetismo em Israel, Petrópolis, Vozes, 1996, pp. 392).
[2] “As peregrinações aos grandes santuários de Betel, Guildal e Bersabéia exercem grande atração sobre o povo. Não se deixa de pagar dízimos, são abundantes os sacrifícios de animais e as oferendas voluntárias. Mas todo esse culto está acompanhado de tremendas injustiças, de fraudes no comércio, compra e venda de escravos e opressão de fracos” (cf. SICRE, J.L., Profetismo em Israel, Petrópolis, Vozes, 1996, pp. 392-393).
[3] Cf. SICRE, J.L., Profetismo em Israel, Petrópolis, Vozes, 1996, pp. 395.
[4] Cf. SICRE, J.L., Profetismo em Israel, Petrópolis, Vozes, 1996, pp. 400.
[5] “Em resumo, a imensa maioria dos textos proféticos mostra-se crítica frente ao espaço sagrado, contagiando por práticas idolátricas cananéias os lugares altos e que fomentam uma falsa religiosidade ou uma falsa idéia de Deus (santuários e templos)” (cf. SICRE, J.L., Profetismo em Israel, Petrópolis, Vozes, 1996, pp. 402).
[6] cf. SICRE, J.L., Profetismo em Israel, Petrópolis, Vozes, 1996, pp. 416-419).
Referência Bibliográfica
SICRE, J.L., Profetismo em Israel, Petrópolis, Vozes, 1996
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