domingo, 9 de novembro de 2008

Tradição da Igreja

A Tradição é a plenitude da Revelação. Inclui-se nela a Escritura, sacramentos, instituições; é tudo aquilo que a Igrejas vive e crê até hoje. Os primeiros cristãos tiveram a experiência da revelação e perpetua a revelação como experiência apostólica de Cristo. A Tradição é a transmissão de uma realidade e de uma experiência de geração a geração. A Tradição se fundamenta pela historicidade do homem e a sua sociabilização (linguagem, cultura, língua, valores). A escrita é a parte da Tradição, assim, a escritura e Tradição fazem parte de um todo. Evidentemente que para a Tradição requer interpretação para compreendê-la. Interpreta-se a Tradição num sentido fixista, ou seja, a conservação da fé e linguagem deve ter a mesma formulação. Deve ser imutável. Conserva-se o depósito da fé sem novidade ou mudança. Essa interpretação tem dificuldade antropológica, pois, a experiência modifica-se como tempo, assim, a revelação de Deus deve ser interpretada no nível da experiência. A hermenêutica se torna uma nova interprete da realidade. Assim, desmorona a posição tradicional. Cada modelo já não tem mais a intenção de ser absoluto. Tem-se o trabalho de observar a modernidade. Busca-se uma explicação da realidade. As grandes viagens, estudos históricos e a filosofia existencial deram ao homem autonomia no mundo. O homem se descobre em vários níveis e dimensões na sociedade, como sexual, cultural, político que ampliam o conhecimento humano. Assim, surge na teoria do conhecimento mais um quadro que tende ao positivismo que contrapõe ao definitivo e irreversível (fixista). O historicismo é outra forma de interpretação da realidade em que desconhece a hermenêutica, dá máximo rigor ao passado e esta a espera de novas descobertas. Cada verdade fica sempre aberta à espera de novas descobertas. Nisso temos seu caráter relativista. Nesta perspectiva Jesus seria incompreensível na história, pois seria impossível apontá-lo como transcendente. A posição dialética, por sua vez, aponta que Deus se revela no contexto de cada indivíduo. Cada comunidade irá interpretar a ação de Deus no seio da sociedade. A própria escritura já é uma interpretação de uma comunidade. “A Igreja de hoje, que interpreta, insere-se nesse imenso processo de transmissão que vem fazendo o passado sempre presente, e o presente sempre ligado ao passado”. Portanto, a história não se faz absoluta, mas fonte de interpretação do homem. A Tradição é a experiência de vida dos cristãos e a Escritura é a experiência transmitida dos cristãos, assim a Tradição é a conservação dos valores, conhecimentos e da realidade de um povo. O critério para interpretar a Tradição é professar a fé na Trindade. “A Trindade ensina a riqueza infinita e plural da unidade”. Crer que a revelação foi manifestada na imperfeição do homem como desígnio salvífico de Jesus para com a humanidade. Jesus é a referência fundamental. “O acesso a Jesus se faz através do testemunho da pregação da Igreja primitiva, sobretudo dos apóstolos”. A caridade é o ela que une os cristãos. É só por ela que se podem compreender as falhas e restabelecer a unidade da Igreja. Reconhecer a Tradição testemunho da Igreja primitiva, dando relevância à pessoa do outro como no período apostólico, testemunhando a verdade revelada, Cristo. Consequentemente o “cristão conserva, e transmite a revelação sob diversas formas: confissão de fé, o testemunho, ensino e a pesquisa científica, a liturgia, a vida cristãmente vivida, as expressões artísticas, a religiosidade popular, a santidade e o martírio”. Isso é o que se chama de sensus fidelium é a vivencia e a prática dos fieis cristãos na Igreja. E, por ultimo tem-se a solidariedade para com os excluídos da sociedade, os pobres e os desamparados, a imitação de Cristo. Portanto, a interpretação da Tradição está para um processo cultural pelo fato de que o homem é capaz de responder as verdades reveladas por vários âmbitos e dimensões e, teologal porque o Espírito Santo é a força que conduz toda a humanidade a unidade mesmo havendo a diversidade de dons e carismas na mesma.






Referência Bibliográfica

LIBANIO, J.B., Teologia da revelação a partir da modernidade. São Paulo: Loyola, 1992, pp. 387-428.

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