O belo se definiu como conhecimento que é uma fonte de prazer. Antes de tudo, o belo é uma coisa na qual o ato de conhecer e o desejo fundamental do intelecto encontram sua satisfação e alcançam seu repouso. O desejo que fala Santo Tomás é em primeiro lugar a tendência das faculdades cognitivas superiores por um conhecimento claro, mas o termo designa também na faculdade apetitiva por si mesma (ao mesmo tempo o apetite sensível e intelectual), que encontra sua plenitude se repousando num belo objeto.
A beleza tem uma relação com verdade: chama-se com efeito da verdade (splendor veri) porque ela se realiza pela claridade e pelo brilho, assim como pela harmonia das partes bem proporcionadas (ou pelas riquezas interiores da essência); é o que se chama a ratio obiectiva pulchri. No entanto, a beleza é ligada também ao bem porque a experiência que se tem dela preenche a vontade (o que se chama ratio sbiectiva pulcri). O belo e o bem são idênticos na coisa porque os dois são estabelecidos pela forma. O belo é uma espécie de bem. Isso não significa que o belo seria como uma espécie no interior de um gênero (como o tigre é uma espécie dos animais) e por conseqüência não teria a mesma extensão que o bem enquanto conceito transcendental. Santo Tomás confirma categoricamente que todas as criaturas são belas e que cada forma é, de um certo modo, radiosa e perfeita. Pela expressão species boni ele quer sem nenhuma duvida dizer, que o belo acrescenta alguma coisa ao bem, a saber, uma correspondência particular com o intelecto, que resulta da claridade e da ordem harmoniosa das partes, que é próprio dos seres. O belo está ligado a verdade porque está ordenada as faculdades cognitivas; ele está ligado ao bem porque satisfaz a vontade.
O belo é por conseqüência, esta propriedade dos seres que surgiu de uma associação da verdade e do bem. Isto explica porque Santo Tomás não o menciona como um transcendental especial. Sendo uma síntese da verdade e do bem ele é o objeto do conhecimento contemplativo do homem que esperará sua perfeição na beatitude na visão de Deus. O belo é admirado e amado por causa de sua forma, não é, em primeiro lugar, um bem que se deseja esperar. A vida contemplativa por si mesma é bela. A atividade da inteligência efetuada na claridade e na ordem é bela por excelência. As virtudes morais também são belas enquanto elas participam das ordens dos atos humanos na verdade ultima do homem, uma ordem que elas ajudam a assegurar. Tem esta proposta David Hume em que escreve: não há espetáculo mais belo que uma ação nobre e generosa.
ELDERS, L.J., La metaphysique de Saint Thomas d’Aquin. Paris: Vrin, 2008, pp, 159-167
Nenhum comentário:
Postar um comentário