Segundo a tradição dos judeus, o livro do Eclesiastes é atribuído a pessoa de Salomão. Passaram-se três séculos para que se pudesse reconhecer que o autor do livro do eclesiastes não fora Salomão, mas um sábio de sobrenome Qohélet.
Qohélet teria sido um judeu de Jerusalém de classe alta de esmerada educação e formação.
Qohélet fora um bom observador. “dediquei-me a investigar...Examinei todas as ações...Observei a tarefa que Deus impôs aos homens” (1,13-14; 3,10). Atribui-se a Qohélet um senso critico. Não se satisfaz o que lhe ensinaram desde pequeno na sinagoga, na escola, no templo. É constatado que Qohélet faz críticas à tradição da qual ele pertence. A data da obra (Eclesiastes) é possivelmente nos meados do século III próximo ao ano 200. O local onde se atribui a obra teria sido a Palestina com a capital Jerusalém.
O livro do Eclesiastes nasce de acordo com a realidade de seu tempo. Consideram Qohélet como um verdadeiro sábio que concilia as realidades existentes. Não obstante, o autor de Eclesiastes teria sido influenciado pela cultura grega. Pois Jerusalém naquela época já era influenciada pela cultura grega. Outras culturas também influenciaram a região de Israel e também inspirou o autor de Eclesiastes em sua literatura: mesopotamica e egípcia. Evidentemente que Qohélet em muito usufruiu da cultura tradicional de seu povo, pois ele conhecia muito bem os Livros Sagrados como o Pentateuco e a Torah.
A intenção de Qohélet é conscientizar o povo, apresentar ensinamentos críticos da realidade. Ele apresenta o termo HEBEL que significa: vaidade. HEBEL é um conceito importante, mas que não tem apenas um significado. HEBEL é a sentença mais importante do livro senão a mais famosa pela expressão VAIDADE DAS VAIDADES. Fora do contexto do Eclesiastes o termo HEBEL tem outros significados com: vento, sopro, aura, fumaça, brisa, vapor, transpiração, etc. “Porque o vento (RUAH) arrastará a todos, e um HEBEL, os arrebatará”. HEBEL neste contexto quer dizer sopro. O sentido original de HEBEL, por sua vez é RUAH (vento). Qohélet faz desse termo fonte de interpretação para muitas outras ocasiões:
HEBEL quer dizer: vaidade por riquezas. Qohélet afirma os bens que o homem consome e acumula no decorrer da vida. É o desejo incontrolável pelo dinheiro. O desejo de ter e possuir são efêmeros, por isso é vaidade;
HEBEL quer dizer: vaidade pela avareza. Neste contexto, Qohélet se refere ao rico que acumula e continua a acumular bens. Tal personagem não se contenta com o suficiente, mas, almeja ter muito mais;
HEBEL quer dizer: a ação do homem. Qohélet afirma que as ações do homem são sobrecarregadas de rivalidades e competições. O homem sempre busca por algo e nunca se sacia. Sempre é insatisfeito. O homem vive num pragmatismo. A ânsia pelos desejos pessoais. Assim, Qohélet afirma que a ação do homem é caça de vento, ou seja, é efêmero, não pode assegurar (é inútil caçar um vento);
HEBEL quer dizer: vaidade pelo prazer. Qohélet afirma que a alegria, o júbilo e qualquer experiência de gozo de vida não podem ter seu desfrute sob o sol. A mesma sensação de alegria pelo profano pode-se ter pelo religioso. Assim, alegria é um prazer e, assim, sendo é vaidade;
HEBEL quer dizer: vaidade por sabedoria. Qohélet afirma que não há motivo em ser sábio, tendo vantagem sobre o néscio. Qohélet afirma que a sorte está para todos. Não faz distinção. Assim, a ânsia por ser sábio também, é vaidade. Quem fala em demasia tem mais oportunidades de erro;
HEBEL quer dizer: vaidade pelo poder. Qohélet afirma que os homens se matam pelo poder. O homem tem sonhos de se tornar superior e de desejar o absoluto, mas enganam-se com tal poder, pois ele é temporal e passageiro. O homem quer o poder porque quer ser perfeito, mas engana-se porque o imperfeito também pode ser útil.
Um termo muito acentuado em Eclesiastes é: trabalho. O termo trabalho deriva de fruto ou rendimento. De acordo com a tradição de Israel o trabalho foi inserido na sociedade devido o pecado. Para Qohélet o trabalho pode ser edificante quando não se é realizado egoisticamente. O compartilhar de esforços para com o outro se torna uma condição positiva. Caso contrário é vaidade.
Qohélet afirma que existe um grau de retribuição para o homem (premio aos bons e castigo aos maus). Mas, isso deve ser buscado em vida, pois, para Qohélet não vida após a morte. A morte se estende a todos, não faz distinção. Se a morte está para todos a diferença então deve se buscada em vida. A recompensa, o homem pode receber em vida e não depois da morte. Para os mortos não há recompensa. A retribuição para os que têm vida é o Senhor. Quem teme o Senhor terá vida e no dia de sua morte, o homem, será bendito. Qohélet faz críticas duras ao sistema vigente em que ele vivia. Assim como muito profetas criticaram o opressão, qohélet também faz críticas ao sistema que escraviza e que promovem injustiças. De qualquer forma, Qohélet dá apreço a vida, pois em vida tem-se a possibilidade de melhorar enquanto que após a morte nada pode-se fazer. Assim, o fundamento da vida moral para Qohélet é a fé em Deus e não a discriminação e a injustiça. O fim está em Deus e não na morte, pois Deus é Deus dos vivos e não dos mortos.
Referência bibliográfica
VÍLCHEZ LÍNDEZ, J.; Sabedoria e Sábios em Israel, São Paulo, Loyola, 1999, pp. 167-203.
Qohélet teria sido um judeu de Jerusalém de classe alta de esmerada educação e formação.
Qohélet fora um bom observador. “dediquei-me a investigar...Examinei todas as ações...Observei a tarefa que Deus impôs aos homens” (1,13-14; 3,10). Atribui-se a Qohélet um senso critico. Não se satisfaz o que lhe ensinaram desde pequeno na sinagoga, na escola, no templo. É constatado que Qohélet faz críticas à tradição da qual ele pertence. A data da obra (Eclesiastes) é possivelmente nos meados do século III próximo ao ano 200. O local onde se atribui a obra teria sido a Palestina com a capital Jerusalém.
O livro do Eclesiastes nasce de acordo com a realidade de seu tempo. Consideram Qohélet como um verdadeiro sábio que concilia as realidades existentes. Não obstante, o autor de Eclesiastes teria sido influenciado pela cultura grega. Pois Jerusalém naquela época já era influenciada pela cultura grega. Outras culturas também influenciaram a região de Israel e também inspirou o autor de Eclesiastes em sua literatura: mesopotamica e egípcia. Evidentemente que Qohélet em muito usufruiu da cultura tradicional de seu povo, pois ele conhecia muito bem os Livros Sagrados como o Pentateuco e a Torah.
A intenção de Qohélet é conscientizar o povo, apresentar ensinamentos críticos da realidade. Ele apresenta o termo HEBEL que significa: vaidade. HEBEL é um conceito importante, mas que não tem apenas um significado. HEBEL é a sentença mais importante do livro senão a mais famosa pela expressão VAIDADE DAS VAIDADES. Fora do contexto do Eclesiastes o termo HEBEL tem outros significados com: vento, sopro, aura, fumaça, brisa, vapor, transpiração, etc. “Porque o vento (RUAH) arrastará a todos, e um HEBEL, os arrebatará”. HEBEL neste contexto quer dizer sopro. O sentido original de HEBEL, por sua vez é RUAH (vento). Qohélet faz desse termo fonte de interpretação para muitas outras ocasiões:
HEBEL quer dizer: vaidade por riquezas. Qohélet afirma os bens que o homem consome e acumula no decorrer da vida. É o desejo incontrolável pelo dinheiro. O desejo de ter e possuir são efêmeros, por isso é vaidade;
HEBEL quer dizer: vaidade pela avareza. Neste contexto, Qohélet se refere ao rico que acumula e continua a acumular bens. Tal personagem não se contenta com o suficiente, mas, almeja ter muito mais;
HEBEL quer dizer: a ação do homem. Qohélet afirma que as ações do homem são sobrecarregadas de rivalidades e competições. O homem sempre busca por algo e nunca se sacia. Sempre é insatisfeito. O homem vive num pragmatismo. A ânsia pelos desejos pessoais. Assim, Qohélet afirma que a ação do homem é caça de vento, ou seja, é efêmero, não pode assegurar (é inútil caçar um vento);
HEBEL quer dizer: vaidade pelo prazer. Qohélet afirma que a alegria, o júbilo e qualquer experiência de gozo de vida não podem ter seu desfrute sob o sol. A mesma sensação de alegria pelo profano pode-se ter pelo religioso. Assim, alegria é um prazer e, assim, sendo é vaidade;
HEBEL quer dizer: vaidade por sabedoria. Qohélet afirma que não há motivo em ser sábio, tendo vantagem sobre o néscio. Qohélet afirma que a sorte está para todos. Não faz distinção. Assim, a ânsia por ser sábio também, é vaidade. Quem fala em demasia tem mais oportunidades de erro;
HEBEL quer dizer: vaidade pelo poder. Qohélet afirma que os homens se matam pelo poder. O homem tem sonhos de se tornar superior e de desejar o absoluto, mas enganam-se com tal poder, pois ele é temporal e passageiro. O homem quer o poder porque quer ser perfeito, mas engana-se porque o imperfeito também pode ser útil.
Um termo muito acentuado em Eclesiastes é: trabalho. O termo trabalho deriva de fruto ou rendimento. De acordo com a tradição de Israel o trabalho foi inserido na sociedade devido o pecado. Para Qohélet o trabalho pode ser edificante quando não se é realizado egoisticamente. O compartilhar de esforços para com o outro se torna uma condição positiva. Caso contrário é vaidade.
Qohélet afirma que existe um grau de retribuição para o homem (premio aos bons e castigo aos maus). Mas, isso deve ser buscado em vida, pois, para Qohélet não vida após a morte. A morte se estende a todos, não faz distinção. Se a morte está para todos a diferença então deve se buscada em vida. A recompensa, o homem pode receber em vida e não depois da morte. Para os mortos não há recompensa. A retribuição para os que têm vida é o Senhor. Quem teme o Senhor terá vida e no dia de sua morte, o homem, será bendito. Qohélet faz críticas duras ao sistema vigente em que ele vivia. Assim como muito profetas criticaram o opressão, qohélet também faz críticas ao sistema que escraviza e que promovem injustiças. De qualquer forma, Qohélet dá apreço a vida, pois em vida tem-se a possibilidade de melhorar enquanto que após a morte nada pode-se fazer. Assim, o fundamento da vida moral para Qohélet é a fé em Deus e não a discriminação e a injustiça. O fim está em Deus e não na morte, pois Deus é Deus dos vivos e não dos mortos.
Referência bibliográfica
VÍLCHEZ LÍNDEZ, J.; Sabedoria e Sábios em Israel, São Paulo, Loyola, 1999, pp. 167-203.
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