domingo, 8 de março de 2009

Todo o ser é belo - Santo Tomás de Aquino e a beleza do ser

Tomás definiu a beleza da seguinte forma: É próprio ao bem de saciar nosso desejo quando o alcançamos, ainda que seja próprio do belo quando ele é conhecido. O belo acrescenta por conseqüência qualquer coisa ao bem, a saber, o fato de ser ordenado no conhecimento. Define-se, então, o bem como o que preenche nosso apetite, ainda que se defina o belo como o conhecimento que nos alegra. “o belo e o bem são a mesma coisa no sujeito, porque ambos estão estabelecidos sobre a mesma coisa: a forma; respeita-se o bem tanto quanto o belo. Mas, eles se diferem em seu conteúdo conceitual, porque o bem se refere propriamente ao apetite; ele está na prática pelo qual todas as coisas tendem. É porque o bem tem a natureza ultima, pois o apetite é a tendência para algo. O belo, por outro lado, está associado à faculdade do conhecimento, porque se diz que as coisas que nos agradam quando nós as vemos, são belas. O belo consiste, então, em uma justa proporção, porque nossos sentidos encontram no prazer nas coisas que são bem proporcionadas como no que lhe aparece. Porque nossos sentidos, tal como todas as faculdades cognitivas, é certo entendimento. É porque o conhecimento age por assimilação e que a semelhança é associada à forma em que o belo participa devidamente a o que nós chamamos de causa formal”

Neste texto Santo Tomás não se contenta em dar uma definição de beleza: a partir da beleza que nós conhecemos primeiro e que nos é mais acessível – a saber, aqueles objetos da visão e da audição – ele estabelece que qualquer coisa é belo e corresponde à uma ordem se produz uma satisfação que a experiência da beleza nos conduz. Em numerosas passagens Santo Tomás escreve que o projeto harmonioso das partes de uma coisa é essencial na beleza. Ele fala da “proporção necessária” da “proporcionalidade” (das partes entre elas) e da “harmonia das partes”, de sua “boa ordem”. Esta ordem pressupõe a integridade de uma coisa. Santo Tomás retoma muitas vezes as noções do brilho e da claridade, noções que, elas mesmas, são próprias a o que é belo. O ser que é belo se mostra ao homem em sua claridade racional.

A ordem e a claridade, que constituem a beleza, brotam da forma essencial das coisas belas. A forma é o fundamento ultimo de sua beleza. A forma é por si mesma bela. Ela é a mais alta participação na beleza e na claridade de Deus. “toda forma, graça na qual uma coisa tem o ser, é certa participação na claridade e na participação de Deus”. “A forma é alguma coisa de divino, elam possui a maior perfeição e é desejável. Há alguma coisa de divino na forma porque cada forma é uma participação, do ponto de vista da semelhança, no ser divino que é o ato puro: toda a coisa é realizada na medida onde ela possui a forma. A forma é o que há de mais perfeito porque o ato é a perfeição da potencia e seu bem; de lá vem que ela é também desejável, porque toda a coisa tende para a perfeição”. Tomás chama esta participação na perfeição de Deus uma particularização (particulatio): a forma, que nela mesma é ilimitada, é particularizada, delimitada e, de certa maneira, dividida em formas individuais. A forma é uma realidade luminosa que provém da claridade e da claridade primeira, isto é, de Deus.



ELDERS, L.J., La metaphysique de Saint Thomas d’Aquin. Paris: Vrin, 2008, pp, 159-167


2 comentários:

Marcelo disse...

Belo texto Roberto.

Anônimo disse...

Um tanto confuso seu texto, roberto