domingo, 5 de abril de 2009

1 - A criação no pensamento Paulo

1 - A criação no pensamento Paulo
O critério de criação se desenvolve, em vários textos, no pensamento de Paulo. No entanto, tem-se uma distinção em relação à “criação” no corpus paulinos. Paulo afirma a atividade criacional relacionada a Deus Pai. Não se tem claramente evidenciado a ação de Jesus no ato criacional .
O Deus que é Pai está acima de tudo e em todos. O Deus Pai é o criador do mundo e o único capaz de ressuscitar dos mortos assim como fez com Jesus . Ele, Deus Pai, ordena tudo porque é o criador. Tudo procede do Pai e se relaciona com Ele.
A criação é interpretada pela ação do Criador que atua no mundo. Deus não esteve presente apenas, no ato criacional do mundo, mas permanece, atua no mundo. Deus cria o mundo de acordo com sua imagem e semelhança, assim como era antes de Adão. Adão para Paulo é a imagem pecadora do homem; é o homem decaído. Adão não seria a referência para a origem do mundo e a felicidade deste. A humanidade é descrita para Paulo como a perda da glória original. O homem pecou e distanciou-se de Deus. O homem sofre por causa de sua desobediência.
A concepção monoteísta do Deus que cria e salva é a prova de que Paulo se distancia do politeísmo helênico. Não existem inúmeros deuses sobre os quais exercem influência na vida humana. Somente Deus pode ser adorado e merece culto. Paulo também põe por terra os ídolos existentes. A veneração de objetos ou pessoas passa a ter nenhum valor, quando Deus se faz presença na vida do homem.

“Quanto às carnes oferecidas aos ídolos, somos esclarecidos, possuímos todos, a ciência... Porém, a ciência incha, a caridade constrói. Se alguém pensa que sabe alguma coisa, ainda não conhece nada como convém conhecer. Mas, se alguém ama a Deus, esse é conhecido por ele. Assim, pois, quanto ao comer das carnes imoladas aos ídolos, sabemos que não existem realmente ídolos no mundo e que não há outro Deus, senão um só. Pretende-se, é verdade, que existam outros deuses, quer no céu quer na terra (e há um bom número desses deuses e senhores). Mas, para nós, há um só Deus, o Pai, do qual procedem todas as coisas e para o qual existimos, e um só Senhor, Jesus Cristo, por quem todas as coisas existem e nós também.” (1Cor. 8,1-6).


Deus é o único existente e, não obstante, é aquele que se relaciona com o homem, acolhendo-o e dando-o assistência.
A criação para Paulo não diz respeito à natureza como uma simples disponibilidade para o homem. Tudo foi criado, conjuntamente, tanto o céu, a terra e o mundo inferior. Deus participa da história e pode modificá-la conforme lhe aprouver. A participação de Deus, na história, procede-se pela pessoa de Jesus inserida na humanidade.
Deus governa tudo e essa soberania de Deus é o ponto fundamental para Paulo. A criação do homem e da mulher estabelece a condição social e política na sociedade, pois através disso, tem-se a relação comportamental de um para com o outro . Em tudo, se tem uma ordem quando Deus cria o mundo. Evidentemente, a partir da criação Paulo, procura enfatizar a antropologia, ou seja, Paulo se preocupa, preferencialmente, pelo homem a partir da criação e essa antropologia carrega até a expectativa da escatologia. Paulo é um dos primeiros a desenvolver um cristianismo preocupado com a antropologia do homem .
Portanto, todo o homem e todas as coisas criadas precedem do Criador do universo. No entanto, a criação foi corrompida pelo pecado. Isso se deve ao fato de que a criatura tentou se “organizar” de uma maneira diferente da do Criador. Paulo salienta que os limites da vida humana e a inconsistência da criação se devem à conseqüência do pecado. Dessa forma, Deus se faz juiz quando envia seu Filho para a expiação dos pecados. O mundo está para um critério de passagem. Cristo é aquele que permite a Nova Aliança com o Deus criador. O homem para Paulo está dentro da perspectiva da esperança. Jesus, com a ressurreição, já promove a salvação da humanidade. Assim, cabem ao homem, meios para viver diante da parusia, da vinda do Reino de Deus. Mas, tais considerações serão melhores aprofundadas mais adiante. Convém, de princípio, aprofundar as relações entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo na perspectiva paulina. Evidentemente, nas cartas deuteropaulinas, tem uma referência muito maior a respeito da ação de Jesus já desde a criação.

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