domingo, 12 de abril de 2009

2 - A Trindade na perspectiva paulina.

2 - A Trindade na perspectiva paulina.

Paulo ressalta que é pela revelação do Filho, Jesus Cristo, que se percebe a dimensão trinitária. Cristo presente, na humanidade, revela a ação do Pai juntamente com o Espírito Santo. Pode-se perceber a relação trinitária do Pai, do Filho e do Espírito Santo geralmente no início e no término das cartas de Paulo. Geralmente Paulo começa com uma carta saudação e finaliza com um agradecimento. Mas, na segunda carta aos Coríntios Paulo utiliza a expressão “A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós” (2Cor 13,13), tal expressão é o indício de que Paulo sempre teve explícita a Trindade em suas ações. Grande é o número em que as pessoas divinas estão presentes nos textos. A ordem das pessoas divinas, geralmente, não parece fixa, mas se apresentam distintas de todas as criaturas e lugares existentes. Não se encontra as terminologias habituais da Trindade, nos textos de Paulo, tais como: natureza, substância consubstancialidade, etc. encontram-se muito os ideais de relações mútuas existentes entre as pessoas divinas.

Na citação de 2Cor 13,13 tem-se a referência de uma comunhão. O Espírito Santo é o agente dessa comunhão. Para Paulo, Cristo é aquele que atribui a graça, em alcançar a divindade juntamente com o Pai. Cristo é aquele que permite transmitir o amor do Pai a toda a natureza. Com efeito, o Espírito Santo é aquele que efetiva as graças edificando a alma justa[1]. A efetivação das graças pelo Espírito Santo se resulta pelos carismas na Igreja. O Santo Espírito distribui a cada um todos os dons espirituais dos quais podem ser chamados de talentos para a edificação do Reino de Deus. Evidentemente, todas as três pessoas colaboram para a edificação dos carismas. É o Filho, Jesus Cristo, que estando presente, na humanidade, revela a bondade do Pai e o Espírito Santo como aquele que anima a comunidade, a Igreja, ao empenhar-se, na edificação do Reino de Deus[2]. O apóstolo afirma a plenitude dos tempos, na condição em que Deus envia seu Filho como missão que este deveria de cumprir dentro do mistério da encarnação. É Cristo que passa a agir a uma missão temporária, ou seja, Cristo se rebaixou à natureza humana, fez-se homem, viveu e morreu na cruz. O Espírito Santo é aquele que conduz todo o homem à filiação divina.

A relação da Trindade é, para Paulo, um processo de santificação das almas. É o batismo, no ato de purificar e conduzir a pessoa à misericórdia divina. Na Carta a Tito, Paulo faz referência à Trindade numa relação batismal, no intuito de purificação e santificação[3]. A salvação, a regeneração e a renovação são os frutos do batismo. Deus Pai tem sua iniciativa por puro efeito de sua misericórdia. Não olha os pecados da humanidade e nem as incapacidades do ser humano. Ele opera os efeitos de sua bondade pela efusão do Santo Espírito. A regeneração e a renovação pertencem à ação do Espírito Santo santificador que edifica o homem juntamente com o Deus Pai e, ao mesmo tempo, com Jesus Cristo, chamado como Senhor e mediador da graça divina[4].

Portanto, Deus fortifica Paulo e seus companheiros, ungindo-os, no espírito de coragem e os marca com um selo, conferindo os carismas que legitimam seu apostolado aos olhos dos fiéis. Esse selo não é, senão, o Espírito Santo que confere os carismas. Não obstante, Deus é aquele que opera esse prodígio, conduzindo, constantemente, os apóstolos por meio de Cristo e os tendo fixado por sua graça. Dessa forma, percebe-se que as três pessoas divinas contribuem para a edificação da fé. O Deus Pai, como o autor primeiro dos dons espirituais, o Filho, como plenitude de vida e o Espírito Santo, como o animador da comunidade, propiciando o processo missionário. Salientada comunhão entre as três pessoas, faz-se necessário nos prendermos à pessoa de Cristo, averiguando as possíveis influências que determinaram a cristologia de Paulo.



[1] “As três pessoas contribuem então em conjunto, cada qual em sua esfera de apropriação, na obra comum da nossa salvação.” (cf. Ferdinand PRAT, La Theologie de Saint Paul. pp. 159).

[2] Gl 4,6

[3] Tt 3,5

[4] “O efeito total da regeneração batismal acontece de ser atribuído as três pessoas por coordenação, como em Mat 28,19 ‘Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo’. O Pai santifica, no Espírito, pelo Filho. O santificador, por assim dizer em imediato, é o Espírito Santo. O batismo é um banho regenerador, porque ele produz, instrumentalmente, um segundo nascimento de ordem espiritual e essa regeneração é explicada por um sinônimo: a renovação do Espírito Santo.; é Ele que dá a água do batismo seu poder de regenerar. – O Santificador intermediário é Jesus Cristo nosso Salvador; pois de um lado Ele envia o Espírito, por outro Ele mesmo é enviado pelo Pai” (cf. PRAT, Ferdinand. ;. La Theologie de Saint Paul. pp. 162).

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