domingo, 24 de maio de 2009

1 - O Evangelho de Paulo

1 - O Evangelho de Paulo
Evangelho é o sentido cristão da “Boa nova de Jesus Cristo” que Paulo desenvolvera junto à comunidade primitiva. Paulo utiliza a expressão “meu Evangelho” . Tal expressão não quer dizer que Paulo tinha o intuito de promover um Evangelho paralelo de forma a não considerar o anúncio dos apóstolos. O termo “meu Evangelho” diz respeito ao fato de que existe um único Evangelho, Jesus Cristo. Paulo tinha total consciência da graça que lhe fora confiado por transmitir a boa nova de Cristo. Transmitir a boa nova de Cristo é agir como os profetas do Antigo Testamento que pronunciaram sobre Deus de acordo com a missão que cada profeta recebera . Aquele que pronuncia a vontade de Deus e a boa nova de Jesus Cristo torna-se um discípulo do sagrado. Paulo nunca deixou de pregar a boa nova mesmo quando estava, na prisão, cumpriu com seriedade a missão que lhe fora confiado: anunciara as maravilhas de Deus .
A Boa nova de Cristo era, para Paulo, ensinamentos, pregações, proclamações daquilo que Jesus quisera que o povo vivesse e esperasse de Deus. O conteúdo da Boa nova é o Cristo, o Filho de Deus e não somente o reino de Deus; prega-se o próprio Cristo Senhor, o esplendor glorioso do Evangelho, pois todas as promessas de Deus estão em Cristo Jesus . Em Paulo, encontram-se os ecos do querigma da Igreja primitiva . É Cristo que morre pelos pecados da humanidade tendo sua ressurreição a reconciliação com Deus. Jesus, descendente de Davi, torna-se Filho de Deus pela ressurreição. Paulo anuncia Jesus, Filho de Deus que ressuscitou dos mortos, conduzindo à humanidade a salvação. Paulo reforçava o querigma da igreja primitiva de forma a não criar divergências daquilo que fora proclamado por toda a Igreja primitiva .
O que torna caracteristicamente paulino o Evangelho de Paulo é a concepção salvífica do mesmo para com a humanidade. É a força divina que se dispõe à salvação do mundo. A revelação de Cristo, em sua dimensão salvífica, permite ao homem a crença, no Deus que salva e liberta . O anúncio se torna um processo redentor que permite ao homem se aproximar do Cristo ressuscitado. Pronunciar a Boa nova de Cristo é proclamar a força de Deus que interage no mundo. Dessa forma, Cristo e o Evangelho significam a ação salvadora do Pai para com os homens em que cabe a estes à fé e o amor como resposta a graça abundante de Deus. A pregação do Evangelho é o resultado da ação do Espírito de Deus que permite as boas obras. O Espírito de Deus é aquele que impulsiona o anúncio do Evangelho . Além da concepção salvífica do Evangelho, outra característica do Evangelho de Paulo é a salvação universal, ou seja, a salvação está para todos sem distinção . O Evangelho de Paulo se estende em salvação para todos os homens, judeus e gregos igualmente. Um terceiro dado a respeito do Evangelho de Paulo é o mistério da encarnação que se manifesta, na revelação de Jesus. Pois, é pela revelação de Cristo que se realiza o projeto salvífico de Deus. O Evangelho se torna um mistério pelo fato de que Deus se revela na pessoa de Cristo. A salvação já se realiza, pois Cristo vigora o evento salvífico com sua morte e ressurreição. No entanto, a salvação é ainda um dos mistérios, pois a Igreja espera fielmente, na vinda do Senhor (parusia) para completar por definitivo o efeito salvífico em sua plenitude .
A salvação de todos os homens perpassa por Cristo em que este incorpora aquele na Igreja. Na Igreja, Cristo é a cabeça, ou seja, a centralidade de toda a perspectiva cristã está, na pessoa de Cristo. Paulo considera o mistério, Cristo e o poder de Deus como a sabedoria de Deus. Isso se deve ao fato de que o homem jamais conseguirá alcançar a revelação em plenitude devido à limitação do mesmo. A revelação só é alcançada pela fé. É por isso que o Evangelho é considerado como um mistério, pois este se compreende plenamente, na dimensão escatológica . Por fim, o Evangelho de Paulo se entende devido à gratuidade do Pai que realiza a obra salvífica por intermédio da revelação de Jesus Cristo.

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