domingo, 17 de maio de 2009

6 - Considerações de Colossenses 1, 15-20.

6 - Considerações de Colossenses 1, 15-20.

Paulo, na Carta aos Colossenses, apresenta uma referência ao Cristo preexistente. A carta exorta um conhecimento maior sobre a pessoa de Cristo. É a verdade evangélica que ilumina e conduz aqueles que honram o Filho de Deus, sendo este aquele que chama a pertencer ao Reino de Deus. O Filho de Deus é, em sua vida divina, a imagem do Deus invisível, o primogênito da criação e causa exemplar e eficiente de todas as coisas criadas[1]. Como homem, ele é o chefe da Igreja e primogênito dos mortos; Ele possui a plenitude. Por seu sangue, ele redime a humanidade. Ele reconcilia a Deus os gentios e os destina à santidade.

Cristo assume o primado de superioridade em face de toda a criação (primogênito de toda a criatura), existe antes de todas as coisas; é nele que todas as coisas, na sua diversidade (céus, terra, realidades visíveis e invisíveis), encontram a sua ordem. Interessante que o texto de Cl. 1,15-17 faz referência ao texto de Pr. 8,22ss[2] quando este diz: “O Senhor me criou, como primícia de suas obras, desde o princípio, antes do começo da terra. Desde a eternidade fui formada, antes de suas obras dos tempos antigos. Ainda não havia abismo quando fui concebida, e ainda as fontes das águas não tinham brotado...”. A Cristo, é atribuída à causa eficiente da criação, isso porque ele é a imagem de Deus. É por intermédio de Jesus que a invisibilidade de Deus se torna visível. É por Jesus que Deus se faz história.

A face de Deus só pode ser encontrada pela pessoa de Jesus. Jesus é a verdadeira imagem de Deus. A criação só tem a sua “consistência”, sua justificação, seu significado por intermédio de Jesus. Jesus é a verdadeira imagem de Deus e não Adão[3].

Nos vv 18-19, explicita a existência histórica de Cristo o qual tem seu ápice, na páscoa. “No sangue da sua cruz”, faz alusão a Cristo que deu sua vida por remissão dos pecados de muitos; e Ele, Cristo, é o “primogênito dentre os mortos” que ressurge vencendo a morte e o pecado. A plenitude de Deus habita em Cristo com sua divindade, sabedoria e presença. Dessa forma, Cristo, com sua presença, compartilha com toda a humanidade a plenitude de Deus se fazendo “cabeça” da Igreja.

Para Paulo, o mistério de Cristo se estende desde os confins do universo até alcançar toda a existência da humanidade. A pessoa de Cristo está para toda a história, não somente para o futuro, num sentido escatológico, nem para o presente. Tudo foi feito n’Ele, por ele e para Ele. É em Cristo que se encontra essa aproximação de toda a criatura em Deus. Tem-se essa unidade entre as coisas criadas em Deus por Jesus Cristo; e essa unidade tem sua plenificação, na Páscoa, que é o gesto de amor de Deus para a humanidade.

Somente em Jesus tem-se a plenitude da salvação. Assim como está escrito, em Cl 2,8, “Tomai cuidado para que ninguém vos escravize por vãs e enganosas especulações da ‘filosofia’, segundo a tradição dos homens, segundo os elementos do mundo, e não segundo Cristo”. Pois é, em Cristo, que se pode encontrar o verdadeiro sentido do mundo e da história. Portanto, Jesus sendo a imagem de Deus invisível é aquele que proporciona a salvação, e está presente, ativamente, desde o processo de criação. Torna-se a evidência de um Cristo preexistente na carta aos colossenses.



[1] Cl. 1,15-16

[2] Observam-se considerações da cristologia sapiencial também na carta aos colossenses. (cf. SERENTHÀ, Mario, Jesus Cristo ontem, hoje e sempre. pp. 149).

[3] “Muitos exegetas vêem por trás do tema “imagem”, além de uma referência à reflexão sapiencial, também uma referência a Gn 1,26-28 “Então Deus disse: ‘Façamos o homem à nossa imagem e semelhança. Que ele reine sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos e sobre toda a terra, e sobre todos os répteis que se arrastem sobre a terra. Deus criou o homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus, criou o homem e a mulher’ Não se exclui que Paulo pense, ao citar o hino de Cl, na teoria dos dois Adões, segundo a qual... se declara que o segundo Adão, Cristo, e não o primeiro, é a imagem perfeita de Deus”. (cf. Ib. pp. 149).

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