domingo, 22 de fevereiro de 2009

Todo o ser é belo - Os filósofos gregos sobre a bondade

A palavra grega kaloz (belo) significava na origem o fato de estar em boa saúde, forte, virtuoso e bonito em aparência. Para os gregos a beleza implicava ordem e simetria. Mais tarde, os pitagóricos puseram em relevo a importância da simetria; Demócrito nota que o que é bonito é necessário equilibrado. Conforme Platão, a Beleza é uma das idéias principais: as coisas belas que nós vemos não são a beleza por si - mesmas, mas elas participam dela. Prtindo da experiência que nós temos da beleza das coisas materiais, nós deveríamos nos elevar, pela beleza das ações morais e do conhecimento, até a Beleza em si. “Como isso será se alguém admite em ver a Beleza em si, na verdade de sua natureza, em sua pureza sem desordem? Alguém que ao invés de uma beleza infectada pela carne humana, pelas cores, por incontáveis artífices, poderia ver a Beleza em si, na unidade de sua essência?”. Platão faz do Belo o princípio mais alto na hierarquia do ser e o identifica como Bem. “Tudo o que é bom é belo”. Em sua doutrina do Belo, Platão exprime uma atitude fundamental dos gregos para os quais o desejo da beleza física, também como da beleza artística e o desejo da beleza dos atos virtuosos, era de uma importância decisiva na educação e na cultura.

Aristóteles associou a si o belo ao divino, isto é, o que é o mais perfeito. Ele descreve o belo como o que é agradável e o que é desejável em si. Assim, sua descrição engloba o que é bonito do ponto de vista estético assim como a beleza do agir moral. Ele cita como atributos da beleza: a ordem, a simetria e a delimitação, mas também o tamanho (uma coisa muito pequena não pode ser considerada bela).

No pensamento neo-platônico o belo ocupa um lugar central. Plotino escreve que o belo é principalmente ordenado no sentido da visão, mas que certo tipo de beleza está ordenado no sentido da audição. Procurando quais são os fatores que tomam as formas materiais tão refinadas e os sons mais suaves, ele faz notar que a causa disso não é tanto a simetria, senão uma participação no ideal da beleza. A cada vez que a alma encontra o que parece a esta forma ideal, um tremor e um reconhecimento a transita. O tratado conclui pelo exortação seguinte: toda pessoa que deseja ver Deus e a Beleza deve primeiro tornar-se ela mesma como Deus e a Beleza. “Assim, em sua viagem nos céus, a alma alcançará primeiro no principio inteligente e ela verá todas as belas idéias presente neste ser tão nobre e ela proclamará que isto é a Beleza e que os Ideais são da Beleza. Porque graças a sua ação que toda a beleza, em que ela seja, alcance a existência... o que se encontre acima e abaixo do Princípio inteligente é, para nós, a natureza do Bem que irradia o Belo pelo exterior. Se nós considerarmos, por conseqüência, o mundo dos objetos inteligíveis como sendo um, o belo vem em primeiro; se fizermos uma distinção aqui, então o mundo das Idéias e da Beleza do que pode ser conhecido intelectualmente, e o Bem que se encontra acima, é muitas vezes a fonte e o princípio da beleza. O primeiro Bem, e o primeiro Belo tem sua residência: o lugar onde se encontra a Beleza, está sempre acima”. A Beleza reside também no comportamento moral e na atividade intelectual. Ela não pode existir sem o Ser, passível que o ser não possa existir sem a Beleza. A cada vez que a Beleza abandona o Ser, este último perde alguma coisa de sua essência. O Ser é desejável porque ele é idêntico à Beleza; a Beleza é amada porque ela é o Ser. Afim de existir, o Ser deve, de uma maneira ou de outra, participar na Beleza.


ELDERS, L.J., La metaphysique de Saint Thomas d’Aquin. Paris: Vrin, 2008, pp, 159-167


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