domingo, 11 de outubro de 2009

5 - A Palavra de Deus é proclamada.

5 - A Palavra de Deus é proclamada.

É, no poder do Espírito, que Paulo anuncia a Boa Nova que Deus cumprira em Cristo, pelas antigas promessas feitas aos judeus, no envio do Salvador ao mundo. A edificação da Igreja se realizaria pela proclamação da Palavra. As exortações de Paulo aos cristãos de Roma já são pretensões, no avanço de sua missão até a Espanha. Paulo pretendia ir até a Espanha e esperava apoio e motivações para isso. Tem-se, então, uma relação entre o anúncio do Evangelho e a salvação dos gentios:

“Porventura, não ouviram? Sim, por certo: Por toda a terra se fez ouvir a sua voz, e as suas palavras, até aos confins do mundo...”Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como, porém, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? (Rm 10,l8, 13-15).

Paulo escrevendo aos coríntios ressalta a convicção de que Deus proporciona a salvação a todos aqueles que ouvem a Palavra de Deus pelo anúncio de seus missionários[1]. Paulo anunciava a Palavra de Deus tanto, nas sinagogas, ou quando era convidado para estar em meio aqueles que não tinham conhecimento prévio ou adequado das Escrituras, como os filósofos gregos, por exemplo. O método do apóstolo era o de anunciar e testemunhar Cristo.

Dessa forma, Paulo considerava-se como um pregador e mestre. O apóstolo, escrevendo a Timóteo, afirma que Deus o chama de “pregador, apóstolo e mestre” (2Tm 1,10-11). Paulo evangelizava ensinando e ensinava evangelizando.

O ministério de Paulo é exercido em Tessalônica. Nessa cidade, ele permaneceu pouco mais de três a cinco meses. A saída repentina do apóstolo, dessa cidade, deve-se ao fato da perseguição dos judeus, pois Paulo se tornara uma ameaça aos ideais da comunidade que tinha como estrutura político-religiosa o Império Romano. Ao sair da cidade, o apóstolo deixou atrás de si uma igreja de novos convertidos, que, eventualmente, foram também perseguidos. Algum tempo depois, estando em outras regiões, Paulo recebeu notícias de que os convertidos de Tessalônica estavam firmes, fundamentados, e que não abandonaram a verdade do Evangelho, a despeito das perseguições e dificuldades que enfrentaram após a saída de Paulo. Ao escrever-lhes pela primeira vez, Paulo os considera como igreja modelo. “É a única igreja do Novo Testamento que recebe dele esta recomendação: “..,vos tornastes o modelo para todos os crentes na Macedônia e na Acaia” (lTs 1,7)[2].

A comunidade/igreja de Tessalônica tornou-se eficiente. Ficara por três meses sem a presença do apóstolo após sua fundação. E isso, num ambiente hostil (conflitos, dominação). Entretanto, estavam fazendo a Paulo perguntas relacionadas com escatologia:

Irmãos, não queremos que ignoreis coisa alguma a respeito dos mortos, para que não vos entristeçais como os outros homens que não têm esperança. Se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, cremos também que Deus levará com Jesus os que nele morreram. Eis o que vos declaramos, conforme a palavra do Senhor: por ocasião da vinda do Senhor, nós que ficamos ainda vivos não precederemos os mortos. Quando for dado o sinal, à voz do arcanjo e ao som da trombeta de Deus, o mesmo Senhor descerá do céu e os que morreram em Cristo ressurgirão primeiro. Depois nós, os vivos, os que estamos ainda na terra, seremos arrebatados juntamente com eles sobre nuvens ao encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor” (lTs 4,13-18)[3].

Um outro aspecto interessante é que Paulo, ao começar sua carta, ressalta a comunidade como a eleita: “Sabemos, irmãos amados de Deus, que sois eleitos” (1Ts 1,4). Em 2Ts 2,13, Paulo reforça a realidade de “povo escolhido” por Deus: “Nós, porém, sentimo-nos, na obrigação de, incessantemente, dar graças a Deus a respeito de vós, irmãos queridos de Deus, porque desde o princípio vos escolheu Deus para vos dar a salvação, pela santificação do Espírito e pela fé na verdade”. Isso dá indícios de uma comunidade já estruturada em que Paulo procura reforçá-la na plenitude do Reino.

Para fortalecer as comunidades existentes, Paulo pregava a Palavra de Deus, expondo e demonstrando ter sido necessário que o Cristo padecesse e ressurgisse dentre os mortos. Nos Atos dos Apóstolos, evidencia-se o anúncio de Paulo em Tessalônica: “Explicava e demonstrava, à base das Escrituras, que era necessário que Cristo padecesse e ressurgisse dos mortos. E esse Cristo é Jesus que eu vos anuncio” (At 17,3). Assim, revela-se como o apóstolo anunciava o Evangelho, proclamando a ação de Deus a todos os povos o Reino de Deus que se tornava vigente a toda a sociedade. O Evangelho de Paulo era a vida nova em Cristo feito homem na história[4]. E, o anúncio não era feito somente para os judeus, mas também para os gentios:

Disputava na sinagoga com os judeus e prosélitos, e todos os dias, na praça, com os que ali se encontravam”, “Todos os sábados ele falava na sinagoga e procurava convencer os judeus e os gregos”, “Paulo entrou na sinagoga e falou com desassombro por três meses, disputando e persuadindo-os acerca do Reino de Deus”. (At 17,17; 18,4; 19,8).

Evidentemente, que Paulo ao formar uma comunidade, este era interrogado a respeito dos ideais da Lei de Moisés, no plano da salvação, o valor da circuncisão para se tornarem cristãos. São questionamentos que o apóstolo teve de expor, com prudência, para que pudesse semear o ideal do Reino de Deus, nos grupos que se formavam, no decorrer de sua missão. Os convertidos de Paulo foram capazes de suportar as perseguições, mesmo sem pastores para dar-lhes apoio.

Em Atenas, Paulo encontra um outro ambiente. Após sair de Tessalônica, o apóstolo começa a anunciar o Evangelho e a Boa Nova na região de Corinto. E, assim sendo, Paulo fundamenta sua pregação até, no Cristo, e promove a expansão do cristianismo por um vasto território da Ásia e Europa.



[1] 1Cor 2,1-4

[2] “Paulo apresenta a suas comunidades como enviado plenipotenciário do Ressurreto e órgão executor do Evangelho. Sua tarefa como apóstolo é fazer vigorar o evangelho como norma que determina a vida da Igreja. Ele faz isso, destacando a estrutura fundamental do evangelho, da maneira como ela se lhe mostrou na sua própria experiência existencial. O fariseu, que se encontrava totalmente sob a influência da justiça, da lei, teve um encontro com Cristo vivo, o qual se lhe mostrou como o “fim da lei” (Rm 10,4). (cf. . Jurgen ROLOFF, A Igreja no Novo Testamento, pp. 148).

[3] “O problema de Tessalônica deve ser visto sobre o pano de fundo da expectativa iminente: a comunidade aguarda o breve retorno do Senhor. E, agora acontece que morrem cristãos sem terem participado da parusia. Estariam eles excluídos da esperança? A essa pergunta Paulo, responde em 1Ts 4,13-18. Visto que a esperança de estar presente na parusia de Cristo, de encontrar-se com o Senhor e de poder estar em sua companhia, não vale apenas para os que ainda estão, naquele dia, mas para todos, torna-se importante ressurreição” (F.J. NOCKE, in Manual de dogmática, v. II, org. Theodor SCHENIDER, pp. 384).

[4] “O apóstolo e o evangelho estão diretamente associados. A vocação para o apóstolo pelo Senhor ressuscitado era, ao mesmo tempo, uma admissão ao serviço do evangelho, que excluía todas as demais atividades. É claro que isto significa principalmente o encargo para a proclamação da mensagem de Jesus como Senhor investido por Deus para ser rei escatológico (Rm 1,3s). [...] Ao ser proclamado o Evangelho, Deus impõe seu domínio e vem ao mundo, o que ocorre pela palavra do apóstolo. O Evangelho é, de acordo com Paulo, o agir salvífico escatológico que acontece pela palavra, através do qual é posta em vigor, em vista da fé, a história passado do homem Jesus de Nazaré enquanto o evento que determina o presente e o futuro do mundo”. (cf. Jurgen ROLOFF, A Igreja no Novo Testamento, pp. 147-148).

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