5 - A Palavra de Deus é proclamada.
É, no poder do Espírito, que Paulo anuncia a Boa Nova que Deus cumprira em Cristo, pelas antigas promessas feitas aos judeus, no envio do Salvador ao mundo. A edificação da Igreja se realizaria pela proclamação da Palavra. As exortações de Paulo aos cristãos de Roma já são pretensões, no avanço de sua missão até a Espanha. Paulo pretendia ir até a Espanha e esperava apoio e motivações para isso. Tem-se, então, uma relação entre o anúncio do Evangelho e a salvação dos gentios:
“Porventura, não ouviram? Sim, por certo: Por toda a terra se fez ouvir a sua voz, e as suas palavras, até aos confins do mundo...” “Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como, porém, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? (Rm 10,l8, 13-15).
Paulo escrevendo aos coríntios ressalta a convicção de que Deus proporciona a salvação a todos aqueles que ouvem a Palavra de Deus pelo anúncio de seus missionários[1]. Paulo anunciava a Palavra de Deus tanto, nas sinagogas, ou quando era convidado para estar em meio aqueles que não tinham conhecimento prévio ou adequado das Escrituras, como os filósofos gregos, por exemplo. O método do apóstolo era o de anunciar e testemunhar Cristo.
Dessa forma, Paulo considerava-se como um pregador e mestre. O apóstolo, escrevendo a Timóteo, afirma que Deus o chama de “pregador, apóstolo e mestre” (2Tm 1,10-11). Paulo evangelizava ensinando e ensinava evangelizando.
O ministério de Paulo é exercido
A comunidade/igreja de Tessalônica tornou-se eficiente. Ficara por três meses sem a presença do apóstolo após sua fundação. E isso, num ambiente hostil (conflitos, dominação). Entretanto, estavam fazendo a Paulo perguntas relacionadas com escatologia:
“Irmãos, não queremos que ignoreis coisa alguma a respeito dos mortos, para que não vos entristeçais como os outros homens que não têm esperança. Se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, cremos também que Deus levará com Jesus os que nele morreram. Eis o que vos declaramos, conforme a palavra do Senhor: por ocasião da vinda do Senhor, nós que ficamos ainda vivos não precederemos os mortos. Quando for dado o sinal, à voz do arcanjo e ao som da trombeta de Deus, o mesmo Senhor descerá do céu e os que morreram em Cristo ressurgirão primeiro. Depois nós, os vivos, os que estamos ainda na terra, seremos arrebatados juntamente com eles sobre nuvens ao encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor” (lTs 4,13-18)[3].
Um outro aspecto interessante é que Paulo, ao começar sua carta, ressalta a comunidade como a eleita: “Sabemos, irmãos amados de Deus, que sois eleitos” (1Ts 1,4). Em 2Ts 2,13, Paulo reforça a realidade de “povo escolhido” por Deus: “Nós, porém, sentimo-nos, na obrigação de, incessantemente, dar graças a Deus a respeito de vós, irmãos queridos de Deus, porque desde o princípio vos escolheu Deus para vos dar a salvação, pela santificação do Espírito e pela fé na verdade”. Isso dá indícios de uma comunidade já estruturada
Para fortalecer as comunidades existentes, Paulo pregava a Palavra de Deus, expondo e demonstrando ter sido necessário que o Cristo padecesse e ressurgisse dentre os mortos. Nos Atos dos Apóstolos, evidencia-se o anúncio de Paulo em Tessalônica: “Explicava e demonstrava, à base das Escrituras, que era necessário que Cristo padecesse e ressurgisse dos mortos. E esse Cristo é Jesus que eu vos anuncio” (At 17,3). Assim, revela-se como o apóstolo anunciava o Evangelho, proclamando a ação de Deus a todos os povos o Reino de Deus que se tornava vigente a toda a sociedade. O Evangelho de Paulo era a vida nova em Cristo feito homem na história[4]. E, o anúncio não era feito somente para os judeus, mas também para os gentios:
“Disputava na sinagoga com os judeus e prosélitos, e todos os dias, na praça, com os que ali se encontravam”, “Todos os sábados ele falava na sinagoga e procurava convencer os judeus e os gregos”, “Paulo entrou na sinagoga e falou com desassombro por três meses, disputando e persuadindo-os acerca do Reino de Deus”. (At 17,17; 18,4; 19,8).
Evidentemente, que Paulo ao formar uma comunidade, este era interrogado a respeito dos ideais da Lei de Moisés, no plano da salvação, o valor da circuncisão para se tornarem cristãos. São questionamentos que o apóstolo teve de expor, com prudência, para que pudesse semear o ideal do Reino de Deus, nos grupos que se formavam, no decorrer de sua missão. Os convertidos de Paulo foram capazes de suportar as perseguições, mesmo sem pastores para dar-lhes apoio.
Em Atenas, Paulo encontra um outro ambiente. Após sair de Tessalônica, o apóstolo começa a anunciar o Evangelho e a Boa Nova na região de Corinto. E, assim sendo, Paulo fundamenta sua pregação até, no Cristo, e promove a expansão do cristianismo por um vasto território da Ásia e Europa.
[1] 1Cor 2,1-4
[2] “Paulo apresenta a suas comunidades como enviado plenipotenciário do Ressurreto e órgão executor do Evangelho. Sua tarefa como apóstolo é fazer vigorar o evangelho como norma que determina a vida da Igreja. Ele faz isso, destacando a estrutura fundamental do evangelho, da maneira como ela se lhe mostrou na sua própria experiência existencial. O fariseu, que se encontrava totalmente sob a influência da justiça, da lei, teve um encontro com Cristo vivo, o qual se lhe mostrou como o “fim da lei” (Rm 10,4). (cf. . Jurgen ROLOFF, A Igreja no Novo Testamento, pp. 148).
[3] “O problema de Tessalônica deve ser visto sobre o pano de fundo da expectativa iminente: a comunidade aguarda o breve retorno do Senhor. E, agora acontece que morrem cristãos sem terem participado da parusia. Estariam eles excluídos da esperança? A essa pergunta Paulo, responde em 1Ts 4,13-18. Visto que a esperança de estar presente na parusia de Cristo, de encontrar-se com o Senhor e de poder estar em sua companhia, não vale apenas para os que ainda estão, naquele dia, mas para todos, torna-se importante ressurreição” (F.J. NOCKE, in Manual de dogmática, v. II, org. Theodor SCHENIDER, pp. 384).
[4] “O apóstolo e o evangelho estão diretamente associados. A vocação para o apóstolo pelo Senhor ressuscitado era, ao mesmo tempo, uma admissão ao serviço do evangelho, que excluía todas as demais atividades. É claro que isto significa principalmente o encargo para a proclamação da mensagem de Jesus como Senhor investido por Deus para ser rei escatológico (Rm 1,3s). [...] Ao ser proclamado o Evangelho, Deus impõe seu domínio e vem ao mundo, o que ocorre pela palavra do apóstolo. O Evangelho é, de acordo com Paulo, o agir salvífico escatológico que acontece pela palavra, através do qual é posta em vigor, em vista da fé, a história passado do homem Jesus de Nazaré enquanto o evento que determina o presente e o futuro do mundo”. (cf. Jurgen ROLOFF, A Igreja no Novo Testamento, pp. 147-148).
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